quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Padre Coelho de Sousa (1924-1995)




Padre Coelho de Sousa
(Tributo à Memória)



Manuel Coelho de Sousa, nasceu a 30 de Setembro de 1924 na Vila de São Sebastião (Terceira). Foi pároco, orador, professor, poeta, pintor, jornalista, dramaturgo, encenador e ensaiador e escritor. Faleceu em Angra a 2 de Setembro de 1995.

Em Outubro de 1937 entrou para o Seminário Episcopal de Angra do Heroísmo, no qual foi ordenado em Junho de 1948.

Coelho de Sousa deu os primeiros passos como jornalista em suplementos culturais e exerceu as funções de Chefe de Redacção no jornal " A União" entre 1956 e 1962.

No ano lectivo de 62/63, Manuel Coelho de Sousa frequentou o curso de Filologia Hispânica na Universidade de Salamanca.

Em 1963 foi nomeado pároco da Vila de S. Sebastião – onde exerceu até ao dia do seu falecimento.

Coelho de Sousa, como professor, leccionou no Seminário-Colégio Padre Damião e na Secundária de Angra (Escola padre Emiliano de Andrade).
 
Destacado jornalista, este reverendo assumiu o cargo de director –adjunto do jornal "A União" em 1976, tornando-se mais tarde director, cargo que exerceu até 30 de Setembro de 1994 – curiosamente no dia em que fazia anos e no mês em que, um ano depois, haveria de se despedir do Mundo dos vivos.

Coelho Sousa, com busto na adro da Matriz de S. Sebastião e detentor de nome em rua na Vila S. Sebastião, tem recentemente na internet, um “blog” dedicado à sua “memória histórica”.
 

Segundo o autor do “blog”, a inicitiva “procura recuperar a memória histórica do Padre Manuel Coelho de Sousa, pároco, orador, professor, poeta, pintor, jornalista, dramaturgo, encenador e ensaiador, escritor e animador cultural que marcou a vida pública dos Açores, particularmente nas ilhas do grupo central do arquipélago e nas suas projecções na América do Norte, a partir da década de 50 do século passado até à sua morte em 1995”.
 


                           “Aquém e Além”
 
"Em Poemas de Aquém e Além, Coelho de Sousa confirma a sua vocação de sacerdote-poeta” – escreveu José Enes, no prefácio da primeira edição do referido livro.

A temática do livro gira ao redor do seu drama íntimo de doação total a Cristo, diz José Enes, que descreve o Coelho de Sousa como “orador sagrado, poeta e desenhista”.

Padre Coelho, assim conhecido por muitos, escreveu ainda as "Três de Espadas" (1979);

 "Na Rota da Emigração Amiga" (1983);

 "Migalhas" (1987)  e "Boa Nova" (1994). 

Fonte: A União

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Tomás Vaz de Borba (1867-1950)

 
Tomás Vaz de Borba
 
Compositor e pedagogo português, Tomás Vaz de Borba nasceu a 23 de novembro de 1867, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.  Faleceu a 12 de fevereiro de 1950, em Lisboa, sendo os restos mortais transladados para a sua terra natal.
 
Carimbo comemorativo
Fez os estudos musicais na escola da de Angra do Heroísmo e os estudos teológicos no Seminário Diocesano, ordenando-se sacerdote, em 1890.
 
Um ano depois, partiu para Lisboa, onde se inscreveu no Conservatório Real de Música e no Curso Superior de Letras, completando assim os seus conhecimentos musicais e literários.
 
Em 1901, foi designado professor auxiliar de Harmonia e de História da Música no Conservatório, aposentando-se em 1937, dado o limite de idade. O pedagogo foi ainda responsável pela Direção-Geral de Instrução Primária e Normal, entre 1928 e 1929.

 
 
Tomás Borba desenvolveu um importante trabalho na área da composição e da difusão musical, através de algumas publicações, como:
 
-  Canto Coral nas Escolas (1913, 4 volumes);
 
-  Solfejos, Canções e Cânones Adequados ao Programa de Canto Coral nos Liceus (1935);
 
-  Dicionário de Música (1956-1958, 2 volumes, em coautoria com Fernando Lopes-Graça).
 
Para além disso, compôs música sacra, como as peças Te Deum , Requiem , Coros Religiosos e algumas missas.
 

2017-11-23 - Inteiro Postal comemorativo
dos 150 anos do nascimento do Pe. Tomás Borba
Nota: Registe-se a falta de concordância entre a imagem do selo e o bilhete-postal.

 
 
Coro Tomás de Borba nas comemorações dos 150 anos
 
Ver vídeo em -> Coro Tomás de Borba
 

domingo, 12 de novembro de 2017

Confraria da Alcatra da Ilha Terceira



Confraria da Alcatra
da Ilha Terceira

(Fundada a 1 de Abril de 2005)

Grão-Mestre: Duarte Fournier

Prato Típico

Alcatra

 
Alcatra da Ilha Terceira

A Alcatra é o prato típico da ilha Terceira mais conhecido e teve a sua origem no próprio povoamento desta magnífica ilha.

Os primeiros povoadores eram oriundos de Trás-os-Montes, onde por lá existe um prato que possui semelhanças com a Alcatra, prato esse de nome Chanfana.

Antigamente a Alcatra fazia parte da mesa dos senhorios, daqueles que tinham posses suficientes para conseguir confeccionar este prato.

Atualmente a Alcatra é uma peça fundamental na ementa das Funções do Espírito Santo na Terceira. Existem várias versões para esta receita, mas um dos grandes enigmas que está presente é se esta bela receita era confecionada com Vinho de Cheiro. Pois bem, a Alcatra já fazia parte das ementas das pessoas mais abastadas muito antes de existir vinho de cheiro, portanto, a receita original deste prato é confecionada com Vinho Verdelho dos Biscoitos.

Muitos peritos neste prato conseguem, apenas visualizando, saber se esta foi confecionada com Vinho de Cheio, pois esta ganha uma cor mais escura, não ficando, obviamente, com o sabor da receita original.

Hoje em dia, já se confeciona este prato, não só de carne mas também de peixe, de feijão ou outro.


 

Sopas de Espírito Santo

 


As sopas de Espírito Santo são sopas açorianas que tiveram a sua origem devido aos impérios.

Estas sopas são confecionadas com pão seco que é posteriormente coberto com a água que cozeu a carne. É também adicionada hortelã e outros condimentos.

Estas sopas são, por tradição, servidas nas Funções do Divino Espírito Santo, ou seja, uma refeição que é servida a um determinado número de convidados.

Para além destas sopas, é incluída na ilha Terceira, a famosa Alcatra de Carne. Por fim, ainda é servido o Arroz Doce.

Em todas as ilhas é possível comer estas sopas, todavia a receita vai variando de ilha para ilha e até mesmo de freguesia para freguesia.

Doçaria

Donas Amélias

 

As Donas Amélias são um doce conventual terceirense e, foi adaptado a uma receita que já existia,  O Bolo das Índias, que é confecionado também com especiarias, devido à visita do Rei D. Carlos e da Rainha  Amélia à ilha, no ano de 1901. 

Por quererem abrilhantar a Rainha Dona Amélia, deram o seu nome ao novo doce criado, ficando então conhecido por toda a parte.

São um doce que para além de ovos e açúcar, possui, na sua receita, especiarias, visto que a ilha se encontrava nessas rotas.

Alfenim







O Alfenim é um doce conventual que é muito utilizado nas tradicionais Festas do Senhor Espírito Santo. É um doce, normalmente, de cor branca e é moldado de forma a ficar um boneco, um animal, flores ou outros.

O Alfenim é um doce que tem por base o açúcar e diz-se que era um dos doces orientais, muito popular em Portugal nos finais do século XV, inicio do século XVI, pois existem relatos em obras de Gil Vicente. Com o passar dos anos, a doçaria conventual apropriou-se do Alfenim sendo que, trabalhou e melhorou aquilo que na altura existia.

Este doce veio para os Açores através dos Mouros que por aqui se fixaram, ficando então o Alfenim conhecido pelas ilhas dos Açores, principalmente do grupo central, todavia a que ainda continua a manter a tradição é a ilha Terceira, onde ainda se podem encontrar verdadeiros especialistas, pois hoje em dia já fazem de tudo um pouco, até réplicas de Touradas à Corda.

Antigamente uma oferta de uma peça de alfenim era uma oferta de luxo, e teria de estar presente nas melhores mesas, como uma mesa de noivos. Hoje em dia é muito utilizado para o pagamento de promessas, em que são moldadas por exemplo, órgãos do corpo humano.


Arroz Doce
 
 

A Receita

Numa panela antiaderente junta-se o leite, a água, a manteiga, o sal e a raspa de limão e deixa-se levantar fervura. Introduz-se o arroz lavado e escorrido.

Após algum tempo de fervura e redução do líquido adiciona-se o açúcar e mexe-se com uma colher de pau para misturar bem.

Batem-se os ovos (clara gema) muito bem e arreda-se o tacho do lume por uns momentos. Incorporam-se os ovos lentamente e mexendo sempre com a colher, para evitar que talhem.

Volta-se a colocar o tacho ao lume, mexendo sempre para ligar bem e secar mais um pouco.

Estando pronto colocar numa travessa e enfeitar com canela em pó.

Autora: Azoriana
 

Gastronomia Açoriana
na Filatelia Portuguesa

 
VAMOS CELEBRAR A ALCATRA!
Selo Personalizado
Dia da Gastronomia Portuguesa
Terceira, 29 de maio de 2016
 

Sobrescrito comemorativo da
Festa da Alcatra na ilha Terceira
Praia da Vitória, 2016-05-29

 
 
 
Mel - Terceira
 
 
Mel - São Miguel
 
Mel - São Jorge, Pico, Santa Maria e Flores


 
 
Pão de milho
 

Polvo Guisado
 



Torresmos



Queijo de São Jorge
 
 
Queijo do Pico
 
 
 

Ananás


Maracujá
 

Queijada de Vila Franca do Campo


 

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Pedro de Merelim (1913-2002)



Pedro de Merelim







Pedro de Merelim, pseudónimo de Joaquim Gomes da Cunha (São Pedro de Merelim, 1913 - Angra do Heroísmo, 2002), foi um militar, historiador e etnógrafo dos Açores. No Exercito Português alcançou o posto de Sargento.



Biografia


Nascido no Concelho de Braga, veio para os Açores integrado no Corpo Expedicionário Português enviado paro o arquipélago durante a Segunda Guerra Mundial.


1943 - Sobrescrito, censurado, isento de franquia, expedido
de Angra do Heroísmo para Lisboa, da Expedição Militar aos Açores


Fixou-se em Angra do Heroísmo, onde desenvolveu um importante labor de investigador da história e tradições locais, tendo publicado volumosa obra sobre esses temas.



1957 - Sobrescrito e carimbo comemorativo (Velas - São Jorge) da visita presidencial aos Açores.
Edição do Núcleo Filatélico de Angra do Heroísmo


É o autor da frase "E Portugal já foi só aqui!", publicada no número especial do jornal terceirense "A União" em 1957, quando da visita do então presidente da República, General Craveiro Lopes.


1957 - Bilhete Postal  com carimbo comemorativo da Visita Presidencial
a Angra do Heroísmo, do General Craveiro Lopes.


1959 - Sobrescrito e carimbo comemorativo das Festas da Cidade
de Angra do Heroísmo. Edição do Núcleo Filatélico de Angra do Heroísmo,
onde se pode constatar a inscrição
"PORTUGAL JÁ FOI SÓ AQUI"


Cumprido o serviço militar, fixou residência em Lisboa, mas logo é reincorporado por ocasião da II Guerra Mundial, vindo cumprir serviço na ilha Terceira, onde se fixa. Passa aos quadros do Exército, após a guerra, e dá largas à sua verdadeira vocação, que é a de jornalista, usando o pseudónimo de Pedro de Merelim.


Pertenceu ao corpo redactorial do jornal A União, durante 38 anos, chegando a exercer o cargo de redactor-chefe e chefiou o gabinete de notícias do Rádio Clube de Angra.


 


Escreveu milhares de textos (artigos, reportagens, locais, crónicas de viagem) que publicou em jornais açorianos, do continente e da Guiné-Bissau.

Foi correspondente entre 1953 e 1972 de O Primeiro de Janeiro (Porto) e colaborador de O Século e do Jornal do Comércio, ambos de Lisboa.



O mais importante do seu trabalho é constituído por obras que versam temas de grande relevância local e regional, num total de 22 títulos, e por artigos publicados na Atlântida, revista do Instituto Açoriano de Cultura.




Foi autodidacta, por não ter podido beneficiar de formação de nível superior e, por isso, nem sempre manuseou da forma mais adequada as normas da investigação; Pedro de Merelim foi, no entanto, um historiógrafo exemplar, pela sua grande seriedade e probidade intelectual, no que constitui um exemplo para qualquer investigador.



Legou o seu espólio, em vida, à Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra.



Obra

  • Guia Turístico da Terceira, Agência Teles, Angra do Heroísmo, 1948.
  • A Terceira ajoelhada aos pés da Virgem de Fátima, Tipografia Moderna, Angra do Heroísmo.
  • Subsídios para a história do futebol na ilha Terceira, Angra do Heroísmo, 1956.
  • Asilo de Mendicidade, sumário histórico no 1.º centenário da fundação, Angra do Heroísmo, 1960.
  • Notas sobre os conventos da ilha Terceira, 3 volumes, A União, 1960, 1963 e 1964.
  • Memória histórica da edificação dos Paços do Concelho, Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, 1966 (reeditado em 1973 e em 1984).
  • Os Hebraicos na ilha Terceira, revista Atlântida (1968), reeditado pelo autor em 1995.
  • Filarmónica recreio dos Artistas, edição da Filarmónica, Angra do Heroísmo, 1967.
  • Memória sobre o Serviço de Incêndios, 78 pp., Associação de Bombeiros Voluntários de Angra, 1969.
  • Caixa económica da Santa Casa da Misericórdia de Angra, Santa Casa da Misericórdia de Angra, 1971.
  • Toiros e touradas na ilha Terceira, União Gráfica Angrense, 1970.
  • Memória histórica do Salão Municipal, Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, 1970.
  • Rádio Clube de Angra, 192 pp., edição do Radio Clube de Angra, Angra do Heroísmo, 1972.
  • As 18 paróquias de Angra, 874 pp., Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, 1974.
  • Fernando Pessoa e a ilha Terceira, 123 pp., Colecção Ínsula, Angra do Heroísmo, 1975.
  • A laranja na ilha Terceira, 91 pp., inserto em A União, 1976.
  • Serviços Municipalizados de Angra, 201 pp., Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, 1979.
  • Cooperativas que houve na Terceira, Angra do Heroismo.
  • Freguesias da Praia, 2 volumes, 797 pp., Direcção Regional de Orientação Pedagógica, Angra do Heroísmo, 1983.
  • Merelim (São Pedro), 545 pp., Junta de Freguesia de Merelim, 1989.
  • Adenda à Monografia de Merelim (São Pedro), Junta de Freguesia de Merelim, 1995.
  • Açorianos ministros de Estado, edição do autor, Angra do Heroísmo, 1996.
  • Monografia da Agência Teles, Agência Teles, Angra do Heroísmo, 1996.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Luís da Silva Ribeiro (1882-1955)



Dr. Luís da Silva Ribeiro

[N. Angra do Heroísmo, 4.1.1882 ,m. idem, 24.2.1955] Etnógrafo. Concluídos os estudos secundários em Coimbra, bacharelou-se em Direito, em 1907, tendo declinado o convite para se doutorar. Regressado à Terceira, ocupou vários cargos: Delegado-Procurador da Coroa na Relação dos Açores, lugar obtido por concurso, mas recomendado pelo Partido Regenerador local; Administrador do Concelho e Comissário da Polícia de Angra (4 de Julho a 2 de Setembro de 1910); Juiz Administrativo (alvará de 19 de Dezembro de 1910), Chefe da Secretaria da Câmara Municipal de Angra (2 de Abril de 1925 a 4 de Dezembro de 1952). Foi ainda, num curto espaço de tempo, professor do Curso Complementar de Letras e de Canto Coral, no Liceu de Angra.

Devido à sua militância republicana e ligação ao Partido Democrático andou envolvido na administração local, quer por nomeação quer por eleição. Foi nomeado presidente da Câmara de Angra, em 1911; governador civil substituto, em 1913; presidente da Junta Geral, em 1914-1915, por eleição; manteve-se como procurador em anos seguintes, até se desligar do Partido Democrático, em 1919, do qual havia sido líder. Manteve o seu espírito independente e liberal, embora tivesse colaborado com os organismos locais do Estado Novo, em tarefas muito concretas de carácter cultural. Em 1931, foi punido com 150 dias de suspensão, com perda de vencimentos, por ter sido acusado de facilitar a ocupação de aposentos camarários por parte dos deportados que se haviam revoltado.
Bilhete Postal (IP) expedido em 29-09-1944, de Ponta Delgada, com destino a Angra do Heroísmo, pelo Instituto
Cultural de Ponta Delgada, ao então Presidente do Instituto Histórico da Ilha Terceira, Dr. Luís da Silva Ribeiro.
 BP censurado e com carimbo S.MIGUEL.


Verso do BP (IP)
- Assinado por Armando Côrtes-Rodrigues -

O Instituto Cultural de Ponta Delgada nasceu no final do ano de 1943, pela vontade de um grupo de intelectuais das ilhas de São Miguel e Santa Maria, que, sob os auspícios das autoridades políticas e administrativas do então distrito de Ponta Delgada, se reuniram no Governo Civil – no dia 30 de Novembro de 1943 – e nomearam uma comissão para elaborar os estatutos, que foram aprovados pelo governador civil, por alvará de 4 de Dezembro de 1943.

 A 18 desse mês foi eleita a sua primeira direção, composta por Humberto de Bettencourt de Medeiros e Câmara (presidente), Rodrigo Rodrigues (tesoureiro), Francisco Carreiro da Costa (secretário), José Bruno Tavares Carreiro e Armando Côrtes-Rodrigues (vogais).
 
Foi membro de várias instituições que reflectiam as suas preferências culturais: sócio da Sociedade de Geografia de Lisboa; membro do Instituto de Coimbra-Academia Científica e Literária; Instituto Português de Arqueologia, História e Etnografia; Sociedade Portuguesa de Antropologia; Consejo Superior de Investigationes Cientificas (Espanha); Instituto de História e Geografia do Rio Grande do Sul; Sociedade Tucumana de Folclore (México); Clube Internacional de Folcloristas (Brasil); Academia de Mendonza (Universidade de Cuyo); Academia de Jurisprudência e de Legislação (Madrid); Instituto Açoriano de Cultura; Sociedade de Estudos Açorianos «Afonso Chaves» e Instituto Histórico da Ilha Terceira. Pertenceu à maçonaria, tendo feito a regularização ainda em Coimbra, na Loja Pró Veritate. Transitou para a Loja União e Liberdade, em Angra, em 1907, tendo atingido pelo menos o grau 20.
O Palacete Silveira e Paulo (1) localiza-se na rua da Conceição, no centro histórico da cidade de Angra do Heroísmo. Construído ao gosto do fim de século XIX, o Palacete é um dos mais notáveis exemplares da arquitectura civil açoriana da transição do século XIX para o século XX.


A Biblioteca Pública e Arquivo Regional Luís da Silva Ribeiro
 viu as suas novas instalações inauguradas no passado dia 16 de setembro, sob a égide do ilustre terceirense Luís da Silva Ribeiro, personalidade que esteve diretamente ligada à criação da Biblioteca, do Arquivo e do Museu da cidade de Angra do Heroísmo. Esta instituição compreende uma diversidade de valências considerável, integrando uma biblioteca pública, com uma destacada secção infantojuvenil, uma biblioteca documental e um arquivo de significativa importância, sendo a única biblioteca nos Açores que beneficia do estatuto de depósito legal, recebendo por essa via um exemplar de cada publicação impressa no país, à semelhança da Biblioteca Nacional de Portugal.
 
A intensa actividade intelectual de Luís Ribeiro levou-o a desenvolver estudos na área da História, procurando evidenciar a forte ligação histórico-cultural das ilhas açorianas a Portugal continental; sobre a jurisprudência, publicou trabalhos que mereceram referências de autores consagrados; no campo da Etnografia, deixou uma vasta e diversificada obra com análises profundas da vida açoriana. Um trabalho minucioso e seguro que mereceu a consideração de etnógrafos portugueses e estrangeiros. Na área política, publicou variadíssimos artigos onde ficaram expressas as suas discordâncias com os separatistas, pronunciou-se sobre a defesa do regionalismo e alvitrou uma série de propostas administrativas que se distanciavam das provenientes de São Miguel, de cariz autonómico mais alargado. Neste aspecto, Luís Ribeiro foi mais contido: defendeu uma descentralização municipalista, mas como não conseguiu que o projecto se concretizasse, optou pela manutenção das Juntas Gerais Autónomas, dotadas de poderes administrativos, mas fiscalizadas para evitar esbanjamentos. Uma certa descrença na capacidade dos açorianos serem capazes de se governarem a si próprios, levou-o a tomar posições que serviram os objectivos do poder centralizador. Em 1938, recebeu Marcelo Caetano e em boa medida o terá influenciado nas linhas mestras que vieram a integrar o Estatuto Administrativo de 1940.
 
No Correio dos Açores, jornal fundado em 1920, deixou uma vasta colaboração que se debruça sobre as temáticas acima referidas. Naquele periódico publicou uma série de artigos sobre o *açorianismo, a construção da unidade e identidade regional e, em 1936, os Subsídios para um ensaio sobre a *açorianidade. Pela lucidez e profundidade do seu pensamento, Nemésio escreveu que era «a alma e consciência da nossa ilha (Terceira) e dos Açores». Parte da sua obra foi reunida em volumes temáticos, mas existem ainda muitas dezenas de artigos dispersos pela imprensa.
 

 
. Carlos Enes
Obras principais. (1982), Obras I, - Etnografia Açoriana (coordenado por João Afonso). Angra do Heroísmo, Instituto Histórico da Ilha Terceira/Secretaria Regional da Educação e Cultura. (1983), Obras II ? História (coordenado por José G. Reis Leite), Angra do Heroísmo, Instituto Histórico da Ilha Terceira/Secretaria Regional da Educação e Cultura. (1983), Obras III, Vária (coordenado por João Afonso e Reis Leite). Angra do Heroísmo, Instituto Histórico da Ilha Terceira/Secretaria Regional da Educação e Cultura. (1996), Obras IV ? Escritos político-administrativos (estudo introdutório e coordenação de Carlos Enes). Angra do Heroísmo, Instituto Histórico da Ilha Terceira/Secretaria Regional da Educação e Cultura.
Bibl. Enes, Carlos (1996), Vida e obra de Luís Ribeiro ? Biografia, in Obras IV ? escritos politico-administrativos (estudo introdutório e organização). Angra do Heroísmo, Instituto Histórico da Ilha Terceira/Secretaria Regional da Educação e Cultura: 15-31. In Memoriam de Luís da Silva Ribeiro (1982). Angra do Heroísmo, Secretaria Regional da Educação e Cultura. Lopes, A. (s.d.), A maçonaria portuguesa e os Açores ? 1792-1935 (inédito).
In: Direção Regional da Cultura


Desenho de Emanuel Félix
Contra-capa do livro


(1) HISTÓRIA
O palacete Silveira e Paulo foi construído por iniciativa do comendador João Jorge da Silveira e Paulo, um rico fazendeiro e negociante de cacau que fizera fortuna como proprietário da roça Colónia Açoreana da ilha de São Tomé, depois de comprar um dos Solares da Família Noronha que se localizava no mesmo local e que foi a última residência de Manuel Homem de Noronha.

Apesar de originário de uma modesta família de pedreiros e trabalhadores agrícolas de Santo Amaro do Pico, o comendador Silveira e Paulo associou-se com quatro dos seus irmãos e formaram uma importante sociedade, proprietária da roça Colónia Açoriana em São Tomé e grandes negociantes de cacau no mercado internacional. Sob a sua direcção e influência, a família conseguiu grande prosperidade económica no negócio iniciado por um irmão mais velho, Domingos Machado da Silveira e Paulo.

João Jorge acabou por assumir a liderança da família, consolidando uma enorme fortuna. Regressou aos Açores, depois de agraciado, no final do século XIX, com uma comenda e o título de fidalgo-cavaleiro da Casa Real. Escolheu fixar-se na cidade de Angra do Heroísmo, tendo para tal adquirido o solar dos Noronhas, junto à igreja da Conceição, que mandou demolir para ali construir o seu palacete.

A construção, dirigida pelo mestre-de-obras micaelense João da Ponte, iniciou-se em Abril de 1900, ficando concluído dois anos depois.

O imóvel permaneceu na posse da família apenas por algumas décadas, já que em 1937 foi comprado pelo Estado e sujeito a obras de reparação e adaptação para o funcionamento da Escola Industrial e Comercial de Angra do Heroísmo. A escola começou a funcionar no palacete em 1939, ali se mantendo até à sua extinção em 1978. Com a integração da Escola Industrial e Comercial no Liceu Nacional de Angra do Heroísmo, o imóvel passou a acolher o ciclo preparatório, anexo à então formada Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade. A partir do terramoto de 1980, passou também a albergar o Conservatório Regional de Angra do Heroísmo.
 


Desenho de Emanuel Félix
Capa do livro